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sábado, 28 de agosto de 2010

Rumi, o místico do amor

A efusão do amor em Rumi é tão avassaladora que abraça tudo, o universo, a natureza, as pessoas e principalmente Deus. No fundo trata-se do único movimento do amor que não conhece divisões, mas que enlaça todas as coisas numa unidade última e radical tão bem expressa no poema Eu sou Tu : "Tu, que conheces Jalal ud-Din (nome de Rumi). Tu, o Um em tudo, diz quem sou. Diz:eu sou Tu". Ou o outro:" De mim não resta senão um nome, tudo o resto é Ele".
Um dos mais belos poemas, por sua densidade amorosa, me parece ser este, tirado do Rubai’yat: "O teu amor veio até meu coração e partiu feliz. Depois retornou, vestiu a veste do amor, mas mais uma vez foi embora. Timidamente lhe supliquei que ficasse comigo ao menos por alguns dias. Ele se sentou junto a mim e se esqueceu de partir". 
Passo a passo, ele ascendeu para além do sol e da lua,
E não ficou para trás, como uma corrente que tranca uma porta.
Uma vez que o "Amigo de Deus" ascendeu acima dos céus,
E disse: "Não amo a deuses que se põem",
Então esse mundo do corpo é um viveiro de concepções errôneas
A todos os que não escapam da luxúria.


Rumi
EU QUERO UM AMANTE...


que quando se mova,
ou se levante,
deva erguer-se da morte,
jorrando fogo para todos os lados.

Nós ansiamos por um amor
como o inferno;
um amor que queima
do inferno até a superfície;
um amor que desafia as ondas do mar
e atira centenas de mares no fogo.

Envolve os céus
como um lenço em suas palmas.
E suspende a luz inexaurível
no forro do mundo.

Com a humildade de um crocodilo
deve lutar como um leão,
não deixando ninguém exceto ele mesmo;
luta, então, com ele mesmo.

deve rasgar as sete cortinas do amor
com a intensidade da sua luz
e os céus devem responder:
'Maravilha! Maravilha!
Uma vez que ele encontre a saída do Sétimo Mar
e dirija-se ao Monte Kaf, ele deverá
distribuir muitas pérolas e corais
pelos continentes da terra...'"


Rumi
Fica


Tocaste a órbita do coração celeste,
agora fica aqui.
Pudeste ver a lua nova
agora fica.

Sofreste em excesso por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Teu tempo acabou.
Escutaste tudo o que se pode dizer
sobre a beleza desse amante,
fica aqui agora.

Juraste em teu coração
que havia leite nesses seios,
agora que provaste desse leite,
fica.



Rumi
Atenta para as sutilezas
que não se dão em palavras.
Compreende o que não se deixa
capturar pelo entendimento.

Dentro do coração empedernido do homem
arde o fogo que derrete o véu de cima abaixo.
Desfeito o véu,
o coração descobre as histórias do Hidr
e todo o saber que vem de nós.

A antiga história de amor
entre a alma e o coração
regressa sempre
em vestes renovadas.

Ao recitares "sol"
contempla o sol.
Sempre que recitares "não sou",
contempla a fonte do que és.


Rumi

Jalal ad-Din Muhammad Rumi

Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī (مولانا جلال الدین محمد رومی), também conhecido como Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Balkhī (محمد بلخى), ou ainda apenas Rumi, (30 de setembro de 1207–17 de Dezembro de 1273), foi um poeta, jurista e teólogo muçulmano persa do século XIII. Seu nome significa literalmente "Majestade da Religião"; Jalal significa "majestade" e Din significa "religião". Rumi é, também, um nome descritivo cujo significado é "o romano", pois ele viveu grande parte da sua vida na Anatólia, que era parte do Império Bizantino dois séculos antes. 
Ele nasceu em Balkh (no hoje Afeganistão, então parte da Pérsia), a cidade natal da família de seu pai. Esta cidade estava nesta época sob a esfera de influência da região de Khorasan e era parte do Império Khwarezmio. 
Ele viveu a maior parte de sua vida sob o Sultanato de Rum, onde produziu a maior parte de seus trabalhos e morreu em 1273 CE. Foi enterrado em Konya e seu túmulo tornou-se um lugar de peregrinação. Após sua morte, seus seguidores e seu filho Sultan Walad fundaram a Ordem Sufi Mawlawīyah, também conhecida como ordem dos Dervishes girantes, famosos por sua dança Sufi conhecida como cerimônia .Os trabalhos de Rumi foram escritos em novo persa. Uma renascenca literária persa (séc. VIII/IX) começou nas regiões de Sistan, Khorāsān e Transoxiana e por volta do século X/XI, ela substituiu o árabe como língua literária e cultural no mundo islâmico persa. Embora os trabalhos de Rumi foram escritos em persa, a importância de Rumi transcend fronteiras étnicas e nacionais. Seus trabalhos originas são extensamente lidos em sua língua original em toda a região de fala persa. Traduções de seus trabalhos são bastante populares no sul da Ásia, em turco, árabe, e nos países ocidentais.
Trabalhos poéticos


A principal obra de Rumi é o Maṭnawīye Ma'nawī (Dísticos Espirituais; مثنوی معنوی), um poema em seis volumesa considerado por alguns sufis como o Corão em língua persa. É considerado por muitos como um dos maiores trabalhos de poesia mística.

A outra grande obra de Rumi é o Dīwān-e Kabīr (Grande Obra) ou Dīwān-e Shams-e Tabrīzī (As Obras de Shams de Tabriz; دیوان شمس تبریزی intitulado em honra do grande amigo e inspiração de Rumi, o dervixe Shams) e contendo aproximadamente quarenta mil versos. Várias razões foram dadas para a decisão de Rumi de dar o nome de Shams à sua obra prima; algumas pessoam defendem a idéia de que já que Rumi não teria sido um poeta sem Shams, é justo que a coleção receba seu nome. 
Trabalhos em Prosa


Fihi Ma Fihi (Nele o Que Estiver Nele, Persa: فیه ما فیه) é uma coletânea de setenta e uma palestras dadas por Rumi em várias ocasiões para seus discípulos. Foi compilada a partir das anotações de vários de seus discípulos, e portanto Rumi não escreveu o trabalho diretamente. Uma tradução para o inglês a partir do persa foi publicada pela primeira vez por A.J. Arberry como os Discourses of Rumi (Discursos de Rumi) (New York: Samuel Weiser, 1972), e uma tradução do segundo livro por Wheeler Thackston, Sign of the Unseen (Sinal do Invisível) (Putney, VT: Threshold Books, 1994). 
Majāles-e Sab'a (Sete Sessões, Persa: مجالس سبعه) contêm se sermões persas (como implicado pelo nome) ou palestras dadas em diferentes assembléias. Os sermões propriamente dão um comentário sobre o sentido mais profundo do Corão e do Hadith. Os sermões também incluem citações dos poemas de Sana'i, 'Attar e outros poetas, incluindo o próprio Rumi. Como relatado por Aflakī, após o Shams-e Tabrīzī, Rumi deu sermões pela requisição de notáveis, especialmente Salāh al-Dīn Zarkūb. 
Makatib (As Cartas, Persa: مکاتیب) é o livro contendo as cartas de Rumi em persa para seus discípulos, familiares e homens influentes e do governo. As cartas testificam que Rumi estava bastante ocupado ajudando familiares e administrando uma comunidade de discípulos que cresceu ao redor deles.


FONTE DE PESQUISA:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jalal_ad-Din_Muhammad_Rumi

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

POEMAGEM -Jack Bosmans

NO ENCONTRO DE NÓS DOIS


No encontro de nós dois
Despi-me das armaduras e me revesti de desapegos
Não te queria. Pra que te ter?
No encontro de nós dois era importante que continuássemos dois
Não encontramos pedaços perdidos de nós
Encontramos inteiros que podemos amar.
No encontro de nós dois
Abriu-se uma fenda na paisagem daquele por de sol
Não te queria em despedidas nem mesmo em reencontros
Cada amanhecer me pertencia e eu te oferecia em bandejas,
Ainda na cama, os primeiros raios da luz.
No encontro de nós dois
Teve lua, teares de estrelas, e convite pra ser feliz.
Beijos com um só riso, e me aconcheguei logo, em quase nada.
E que era tudo.
Me desfiz em lágrimas, e colhi-as nas mãos,
Só pra jogar pro alto e vê-las se transformando em brilhos.
No encontro de nós dois
Grandes cavalos alados e pequenas gotas de vento
Transformavam cada palavra em vestimentas de ternura.
Foi assim que se deu em mágicas, aventuras, e sonhos
O encontro de nós dois.
Jaak Bosmans

JACK BOSMANS: O PAI DA “POEMAGEM”





Arthur Jaak Wilfrid Bosmans, ou apenas Jack Bosmans, nasceu em BH, Minas Gerais.
Começou seus estudos de piano clássico aos 7 anos, optando mais tarde pelo rock e pela MPB,quando participou de algumas bandas e compôs junto com o poeta e amigo Adão Ventura, algumas canções para o Festiva Estudantil da Canção.
E foi, justamente através de Adão Ventura, que Jack interessou-se pela literatura e começou a escrever, sendo então convidado a ser um dos colaboradores do Suplemento Literário do Minas Gerais.
Concomitantemente, surgiu o interesse pelas artes plásticas, ingressando na Escola Guignard. Logo depois, ingressou para a faculdade de Engenharia, para cursar Mecânica.
Seu primeiro emprego, foi como câmera-man da extinta TV Itacolomi. Nesse mesmo período, realizou um curso da Academia Mineira de Letras, a convite de Murilo Rubião. Interessou-se pela força da imagem e ingressou na Publicidade, onde criava e dirigia comercias.
Na sequência, dedicou-se ao cinema, indo para Bélgica, onde concluiu o curso de Diretor e produtor cinematográfico. Voltou para o Brasil, em 1976, mas encontrou dificuldade em abrir campo para a produção cinematográfica própria, passando, então a se dedicar à publicidade, onde conquistou vários prêmios nacionais e internacionais.
Até então, seus poemas eram apenas engavetados. Em 2002, convidado para dar aula de cinema na UNITRI, conheceu a Professora Drª. Kenia Maria de Almeida Pereira, do curso de literatura, que um dia vendo seus poemas o incentivou a desenvolver mais ainda esse lado.
Criador do movimento POEMAGEM em 2002, é hoje chamado o “pai” da Poemagem, com diversos seguidores não só no nosso país como na America Latina e Europa. Com toda a bagagem adquirida, Jaak criou o curso de especialização “O cinema e a literatura na sala de aula”, na mesma universidade, onde foi professor e coordenador. Ali desenvolveu junto com os alunos vídeo poemas, como trabalho final do curso, obtendo sucesso imediato, pela novidade e tendência do momento.
A poesia começa a tomar mais força, como seu principal trabalho profissional, em 2004, quando recebeu muitos elogios e teve seus poemas inseridos em vários sites especializados, junto a consagrados poetas. Com um estilo bastante vigoroso e surrealista nunca deixou de transparecer a ternura, a solidão, o abandono, seus conflitos internos e sua “não” relação com o mundo.
Seus poemas estão no Recanto da Letras e Colméia Literária. Os internautas, através do Google, também encontrarão diversos trabalhos de Jack Bosmans.
Antologias:Latinidade Poética, Delicatta IV, Coração de Poeta (a sair), e em várias comunidades poéticas.
Atualmente, faz palestras e oficinas sobre poemagem, tendo sempre como objetivo um mix dos diversos meios visuais e textuais na composição poética.
É o atual Presidente da Academia de Artes Letras e Cultura “Maestro Arthur Bosmans”, Vice presidente da Universidade Planetária do Futuro, Coordenador do Núcleo Artforum Brasil XXI de Belo Horizonte e Cônsul Poetas Del Mundo B. Serra

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Poeta Marçal Filho

Quisera Quintanear,
mas Cecília não deixou,
na teimosia de Clarice
meu verso torto, Drummondiou.

Aí, dei de sonhar Pessoa,
mas Coralina apareceu-me
e na vertente de Tagore
tudo Rabindranathaneou,

então Patativa de mansinho
quis deixar que Alencar
viesse versar Castro Alves,
pois tudo se faz cordelar...

eu, aqui das Minas meninas
dos olhos da cor do mel;
verso um coração que rima
com (dez)rimares no céu.

Marçal Filho

Apresentação


Sou o caos do impossível
verossímil e muito mais
sou a folha que secou
húmus da terra
semente que caiu
planta que não vingou...
Não me faço indefeso
nem coeso nem servil
e nessa impossibilidade
não me importa na verdade
provar nada pra ninguém...
Sou a lâmina da adaga
e a distorção dos fatos
acho mesmo que sou nada
mas se o nada é absoluto
vou em outra direção...
Nem passivo
nem ativo
nem esquivo
mas quando for me procurar
posso estar noutro lugar
ou em tudo estar oculto...
Marçal Filho

Poeta Marçal Filho


José Marçal da Fonseca Filho, Músico, Compositor, Cantor, Poeta, Contista, Cronista e Editor do Jornal Cultural Pedra Lisa, residente em Itabira MG. Presidente da Associação dos Músicos de Itabira e Membro da ASPI Associação dos Poetas e Escritores Itabiranos. Seu primeiro Romance “O Afilhado”, foi lançado em julho de 2007. É um dos compositores da Canção Vida de Tropeiro, oficializada por Decreto Lei Municipal como Hino Oficial do Museu do Tropeiro localizado no Distrito de Ipoema MG, no Circuito da Estrada Real. É um dos autores da Letra e Música: Minha Voz, adotada pelos Grupos CVV's (Centro de Valorização da Vida) de todo o Brasil. Participou e foi premiado em vários Festivais de MPB Brasil afora, tem composições gravadas nos dois CD’s dos Festivais de Marchinhas Carnavalescas da Cidade de Santa Luzia MG, atualmente é um dos componentes do Movimento Trial, um movimento Lítero-Musical que tem por finalidade a reunião de amigos poetas e compositores itabiranos para o desenvolvimento da música de requinte e de qualidade. É um dos idealizadores do FEMAM “Festival de Música da Amita” Festival este, que reúne grandes talentos musicais de várias partes do país na cidade de Itabira MG terra de Drummond.