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quinta-feira, 7 de julho de 2011

O FLUXO DA CONSCIÊNCIA - Virgínia Woolf

Virgínia Woolf - uma faixa de passeio sobre um abismo.

(1920)
Segunda, 25 de Outubro (primeiro dia da hora de Inverno)


Porque será a vida tão trágica?, tão semelhante a uma pequena faixa de passeio sobre um abismo. Olho para baixo; sinto vertigens; não sei se vou conseguir caminhar até ao fim. Mas porque sentirei eu isto? Agora que o digo já não o sinto. Tenho a lareira acesa, vamos àBeggar’s Opera. Só que isto paira em mim; não posso fechar os olhos a isto. É uma sensação de impotência: a sensação de não estar a realizar nada. Aqui estou eu, em Richmond, e, como uma lanterna no meio de um campo, a minha luz esfuma-se na escuridão. A melancolia diminui à medida que vou escrevendo. Então porque não escrevo eu mais vezes sobre isto? Bom, a vaidade proíbe-mo. Quero ser um êxito até aos meus próprios olhos. Contudo, este não é o fulcro da questão. É que não tenho filhos, vivo afastada dos amigos, não consigo escrever bem, gasto muito dinheiro em comida, envelheço – dou demasiada importância aos quês e porquês; dou demasiada importância a mim mesma. Não gosto que o tempo esmoreça. Se assim é, então trabalha. Pois é, mas o trabalho cansa-me logo – só posso ler um bocadinho, uma hora a escrever e já não posso mais. Ninguém vem para aqui entreter-se um bocado. Se isso acontece, zango-me. Ir a Londres é um esforço enorme. Os filhos da Nessa crescem e não posso tê-los cá para o lanche, nem levá-los ao Jardim Zoológico. O dinheiro para os meus alfinetes não dá para muito. Contudo, tenho a certeza de que estas coisas são triviais: é a própria vida, penso eu por vezes, que é assim tão trágica para esta nossa geração – não há um cabeçalho de jornal que não tenha um grito de agonia de alguém. Esta tarde foi o MeSwiney, e a violência na Irlanda; ou então é uma greve. Há infelicidade em todo o lado; está mesmo atrás da porta; ou há estupidez, o que é pior. Mesmo assim, não consigo arrancar este espinho. Sinto que voltar a escrever o Jacob’s Room me vai fazer recuperar a fibra. Acabei o Evelyn: mas não gosto do que escrevo agora. E apesar de tudo isto como sou feliz – se não fosse esta sensação de haver uma faixa de passeio sobre um abismo
.

Frases de Virginia Woolf - Imagens de Vladimir Clavijo Telepnev


Cada um de nós traz consigo o seu passado,
como as folhas de um livro que conhecemos de cor,
mas que os amigos só conseguem ler o título.



Virgínia Woolf

O poeta nos dá sua essência, mas a prosa pega o molde do corpo e da mente.


Biografia de Virginia Woolf
Virgínia Woolf, uma das mais importantes escritoras inglesas, nasceu em Londres em 1882, terceira filha de Sir Leslie Stephen, historiador e biógrafo, e de Júlia Duckworth. Com a morte da mãe, em 1895, Virgínia apresenta os primeiros sinais de depressão seguida por uma crise mental séria , que a acompanharia ao longo de sua vida. Acessos recorrentes de loucura atormentaram tanto a sua infância quanto a sua vida de casada. Porém, não minou a sua sensibilidade, criatividade e amor as artes.
Em 1904, com a morte do pai, os irmãos se transferem de Hyde Park Gate para Bloomsbury, onde se criou o famoso Bloomsbury Group, constituído de intelectuais, escritores e artistas, que se reunia as quinta-feiras na casa dos Stephen para discutir questões relacionadas com a arte e a cultura da época.
Em 28 de Março de 1941, ao perceber que seria minada por outra crise de depressão, Virgínia escreve para Leonard, seu esposo e para sua irmã Vanessa (seu irmão havia desaparecido) e se suicida, colocando várias pedras pesadas no bolso da roupa e se lança no Rio Ouse, próximo a sua casa em Rodmell, Susse.
Uma mulher a frente do seu tempo, e que ousou, mesmo com todas as limitações que a vida lhe impôs psicologicamente e como mulher, a se superar...
Seus Livros:
A Viagem (1917 - The Voyage Out)
Noite e Dia (1919 - Night and Day)
O Quarto de Jacob (1922 - Jacob's Room)
Sra. Dalloway (1925 - Mrs. Dalloway)
Ao Farol (1927 - To The Lighthouse)
Orlando (1928)
As Ondas (1931 - The Waves)
Os Anos (1937 - The Years)
...e outros escritos em Jornais da sua época.
(resumo recolhido no livro ORLANDO - Virgínia Woolf)

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Poesia, a arte do encontro",

Dias 1 a 3 de julho, no Hotel Estância Santa Paula, acontece o  'V Festival Internacional de Poesia',
na cidade paulista de Dois Córregos-- capital brasileira da Poesia --, idealizado pelo poeta e empresário, José Eduardo Mendes Camargo, desde 2007, este ano tem como objetivo disseminar a criação poética entre poetas, escritores, educadores, estudantes e pessoas interessadas no assunto.
Neste ano o evento será aberto pelos Doutores da Alegria que desde a década de 90 trabalham em conjunto com profissionais de saúde para auxiliar na rápida recuperação de crianças hospitalizadas, com a palestra/espetáculo
 “Profissão Palhaço”. .
Entre os palestrantes os poetas Paulo Netho e José Ricardo Grilo; o poeta, ensaísta e cronista Affonso Romano de Sant´Anna; a escritora, jornalista e pintora Marina Colasanti; a poetisa, cronista, tradutora e compositora Flora Figueiredo; o escritor e poeta Luiz Coronel; o poeta Saldanha Legendre, além dos poetas Carlos Vásquez Tamayo, da Colômbia, Alfredo Fressia, do Uruguai e a poetisa portuguesa, Ana Vieira.